Apesar de não ter sido categorizado como tal, este foi para mim o grande filme Sci-Fi do ano passado.
À parte as categorias, este filme é em si uma obra colossal, um filme de culto. Com um registo suave e melancólico, envereda por questões ontológicas enquanto explora em profundidade as relações humanas. Se é que se pode falar em relações humanas nesta obra que toca com sublime elegância no tema, tão caro ao "ciber-punk", da singularidade.
Mas sim, pode falar-se de relações humanas. Mesmo que o personagem se perca num relacionamento virtual, com um sistema operativo que rapidamente aglutina os corações solitários dos vultos que se cruzam nos labirintos da vida urbana, numa cidade sem tempo e sem geografia definida, a retro-modernidade de uma metrópole onde os cidadãos estão condenados a comunicar com os seus próprios computadores, alheados do mundo real que os rodeia, rarefazendo relações, deteriorando laços.
Estaremos tão longe assim desta visão? Hoje até no cinema, onde podemos ver HER, o escuro da sala é cada vez mais polvilhado de luzes de smart-phones, que cintilam como pirilampos. Cada vez estamos mais sós e, ao mesmo tempo, cada vez sabemos menos estar sós.
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