Outro grande filme de Lars von Trier. Pelo menos para mim, fã confesso deste que é um dos grandes autores do nosso tempo. Pelo menos um autor incontornável, face aos afiados e desconfortáveis pontos de vista que ele tão bem exprime com a sua câmara, duma forma tão densa e íntima que traz ao de cima reminiscências de Bergman. É um estilo nórdico, de que tanto gosto. E por mais que se critique, Lars é cinema.
Este fala exactamente do fim do mundo, mas numa perspectiva bem diferente do que são normalmente filmes sobre o apocalipse. Este é um filme de personagens, um filme sobre a depressão e a relação de uma pessoa, que se sente tão afastada do mundo, exactamente com o fim desse mesmo mundo. E à volta dela outras personagens, que tanto se esforçam para que ela se insira neste mundo, como reagirão essas pessoas perante o apocalipse. Tem esta obra o (feliz) título de Melancholia. E talvez estivesse no meu subconsciente quando escrevi aqui o post "A dívida". Porque há muito deste filme nesse meu post. Aí está porque gosto do Lars. É isso o que é para mim um cineasta, é alguém com a capacidade de se incrustar no subconsciente das pessoas, alguém que não tem que fazer filmes fáceis de ver, e fáceis de esquecer.
Pelo contrário. Um cineasta deve fazer filmes que não sejam assim tão fáceis de ver e, sobretudo, que não sejam assim tão fáceis de esquecer.
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