Um filme corajoso e recomendável. Talvez dos mais marcantes que vi ultimamente. Quando a força do argumento está no que não diz nem mostra, como o passado dos dois irmãos com uma relação intrincada e conflituosa, ambos com as suas psicopatologias, ambos a sentir na pele uma solidão que é uma desconexão com a vida social. E cada um a saber intimamente que o outro é a única pessoa que o pode compreender e perdoar.
Fica a curiosidade por saber que vivências partilharam no passado, o que é que presenciaram, o que silenciaram, o que carregam ainda consigo. Coisas que remetem para a terceira personagem deste filme: a família de Brandon e Sissy, no seu todo uma personagem tão forte quanto ausente. Ausente no texto, mas a vestir cada acção e cada comportamento dos dois irmãos protagonistas, espectacularmente interpretados por Michael Fassbender e Carey Mulligan.
Não é, porém, um feel good movie. Tem sexo, é certo, pois trata-se de um homem viciado em sexo. Mas até este é desconfortável e pouco sensual, tido que é tratado com uma imensa agonia.
É, digamos, como se fosse uma espécie de "Leaving Las Vegas", mas em que o Nicholas Cage se esvaziasse na Elizabeth Shue e suas amigas, em vez de esvaziar garrafas de vodka.
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