Mais um cartoon com a assinatura de Quino.
a-chave-dicotómica

sexta-feira, 25 de maio de 2012
sábado, 19 de maio de 2012
Ainda sobre o post "A dívida"...
É sempre bom rever o genial Quino e tudo o que ele tem a dizer sobre a vida em sociedade e sobre a condição humana.
sexta-feira, 18 de maio de 2012
Shame
Um filme corajoso e recomendável. Talvez dos mais marcantes que vi ultimamente. Quando a força do argumento está no que não diz nem mostra, como o passado dos dois irmãos com uma relação intrincada e conflituosa, ambos com as suas psicopatologias, ambos a sentir na pele uma solidão que é uma desconexão com a vida social. E cada um a saber intimamente que o outro é a única pessoa que o pode compreender e perdoar.
Fica a curiosidade por saber que vivências partilharam no passado, o que é que presenciaram, o que silenciaram, o que carregam ainda consigo. Coisas que remetem para a terceira personagem deste filme: a família de Brandon e Sissy, no seu todo uma personagem tão forte quanto ausente. Ausente no texto, mas a vestir cada acção e cada comportamento dos dois irmãos protagonistas, espectacularmente interpretados por Michael Fassbender e Carey Mulligan.
Não é, porém, um feel good movie. Tem sexo, é certo, pois trata-se de um homem viciado em sexo. Mas até este é desconfortável e pouco sensual, tido que é tratado com uma imensa agonia.
É, digamos, como se fosse uma espécie de "Leaving Las Vegas", mas em que o Nicholas Cage se esvaziasse na Elizabeth Shue e suas amigas, em vez de esvaziar garrafas de vodka.
quarta-feira, 16 de maio de 2012
Uma semana inteira à volta disto
Já quase me tinha esquecido deste grande amor por rove beetles (Staphylinidae), até ter surgido esta nova jornada de identificação intensiva de espécies de estafilinídeos no período pós tese.
sábado, 12 de maio de 2012
Por falar em acabar o mundo
Outro grande filme de Lars von Trier. Pelo menos para mim, fã confesso deste que é um dos grandes autores do nosso tempo. Pelo menos um autor incontornável, face aos afiados e desconfortáveis pontos de vista que ele tão bem exprime com a sua câmara, duma forma tão densa e íntima que traz ao de cima reminiscências de Bergman. É um estilo nórdico, de que tanto gosto. E por mais que se critique, Lars é cinema.
Este fala exactamente do fim do mundo, mas numa perspectiva bem diferente do que são normalmente filmes sobre o apocalipse. Este é um filme de personagens, um filme sobre a depressão e a relação de uma pessoa, que se sente tão afastada do mundo, exactamente com o fim desse mesmo mundo. E à volta dela outras personagens, que tanto se esforçam para que ela se insira neste mundo, como reagirão essas pessoas perante o apocalipse. Tem esta obra o (feliz) título de Melancholia. E talvez estivesse no meu subconsciente quando escrevi aqui o post "A dívida". Porque há muito deste filme nesse meu post. Aí está porque gosto do Lars. É isso o que é para mim um cineasta, é alguém com a capacidade de se incrustar no subconsciente das pessoas, alguém que não tem que fazer filmes fáceis de ver, e fáceis de esquecer.
Pelo contrário. Um cineasta deve fazer filmes que não sejam assim tão fáceis de ver e, sobretudo, que não sejam assim tão fáceis de esquecer.
terça-feira, 8 de maio de 2012
som do frigorífico
E por falar em poesia (do Sam Mendes), vou revisitar a fruta do meu quintal, fruta já antiga e, portanto, com laivos de adolescência:
Lúcido
Sempre lúcido
Estupidamente lúcido.
E no entanto só vejo o que os olhos magicam
Transformam e reinventam
Os argumentos visuais
Sobre os quais
Permaneço
Obsessivamente lúcido.
Tento embriagar-me, mas não consigo
Tento refugiar-me
Longe dos pensamentos mas
É uma perda de tempo, continuo lúcido
Odiosamente.
Em último recurso
Absorvido num ócio flácido e demente
Sorvo toda a turbulência do ruído
Até restar
A mudez picante do silêncio
E o coração regula-se
Com o ritmo
Do pêndulo do relógio, mas não o oiço
E abstraio todo o som, ficando aquele
Que vivo com, e nunca reparo
O som da pele
O som do frigorífico.
Os olhos não vêem, os ouvidos não ouvem
A mão direita sente no abstracto
O rijo tacto da maçã,
A bexiga assola o cérebro
Intoxicada, mas não ligo
Desobedeço
E regozijo de uma dentada na maçã
Sentindo os ácidos porosos
Ruidosamente na boca
Tenho agora na mão direita
Uma dentada na maçã, a Eva na minha mão.
O Adão? Não
Não quero esse cabrão
Quero a serpente
Não tenho medo do engano, só dos que vivem do engano
O diabo enganei-o eu
E rói-se de inveja de mim.
Tenho uma serpente no quintal
É essa criatura a maldição
Ou as dores de parto que o são?
Que espera alguém de quem vem
do ventre senão de um estranho?
É isso,
Sou um estanho
Sou o mal
Sou traição.
Sou serpente entre tantas outras
Brotei de um ventre igual a tantos outros
Sou ninguém como todos os que me rodeiam
Sou demente,
Um canal
Onde tudo vem, tudo vai, e nada passa
Aliás
Como tantos outros.
Sou o mal genuíno porque
Não me enquadro em nada do que vejo e do que faço
E que todos fazem
Sou ódio, mas não odeio
Não me revejo em nada, a tudo estou alheio,
Sou maldição
Sou animal
Sou inveja,
Espero portanto
Por uma explicação, ou um sinal que seja
Uma mão
Um papão
Algo que se veja
Ou
Trincarei a maçã até ao caroço
E os restos, no frigorífico
Apodrecerão.
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